Quais os cenários de uma possível retaliação do Irã contra Israel? d286p
Após os ataques israelenses contra o Irã, o país poderá reagir de várias formas, segundo especialistas militares e serviços de inteligência ocidentais. Os cenários mais prováveis incluem bombardeios diretos ou ações indiretas executadas por aliados na região, de acordo com uma análise publicada pelo jornal britânico The Times e o correspondente do canal 24 no Irã, Saeed Azimi. 3t4w1n
O ministro da Defesa iraniano revelou, durante uma reunião de gabinete recente, que o país testou recentemente um míssil com ogiva de duas toneladas, lembra Saeed Azimi. "Desde a Revolução Islâmica, o setor em que o Irã mais avançou foi o da defesa. Diversas novas tecnologias e armamentos foram apresentados nos últimos anos, e essa capacidade militar pode representar uma ameaça real aos interesses dos EUA e de Israel na região", afirmou. Lançamento direto de mísseis Segundo analistas ouvidos pelo The Times e o Wall Street Journal, o Irã mantém o maior arsenal de mísseis balísticos do Oriente Médio, com alcance de até 2.000 km — suficiente para atingir alvos em todo o território israelense. Teerã poderia lançar uma ofensiva direta com mísseis de curto e médio alcance contra instalações militares, centros urbanos ou infraestruturas estratégicas em Israel. O risco, neste caso, seria a interceptação pelos avançados sistemas de defesa israelenses (como o Domo de Ferro e o Arrow 3). Além disso, tal ofensiva poderia desencadear rapidamente um conflito regional de grandes proporções. Ação através de aliados e milícias O Irã dispõe de um extenso eixo de aliados armados na região, que inclui o Hezbollah (Líbano), com mais de 100 mil foguetes; os houthis (Iêmen), que já lançaram drones e mísseis contra Israel e milícias xiitas no Iraque e na Síria, com histórico de ataques a bases americanas. Esses grupos poderiam agir simultaneamente em diferentes frentes, sobrecarregando a capacidade de resposta israelense. Para os especialistas, a vantagem para o Irã seria não se expor diretamente ao confronto, mas manter pressão militar e política constante sobre Israel. Ataques a bases dos EUA na região Como resposta indireta ao apoio norte-americano a Israel, o Irã pode determinar como alvo bases dos EUA no Golfo Pérsico, Iraque ou Síria. Essas ações serviriam como alerta a Washington, sem necessariamente envolver ataques diretos ao território israelense. Uma consequência possível seria a intervenção militar direta dos Estados Unidos, ampliando o conflito em escala global. Ameaça ao tráfego marítimo e ao petróleo O Estreito de Ormuz, por onde a cerca de 20% do petróleo mundial, é um ponto-chave da geopolítica energética. O Irã já ameaçou — e, em 2019, chegou a sabotar — navios petroleiros e cargueiros na região. Uma ofensiva nesse sentido poderia incluir o bloqueio do estreito com minas navais, ataques a navios comerciais e operações de pirataria marítima. Um impacto global possível seria a disparada no preço do petróleo e forte pressão internacional por medidas de contenção. Ciberataques e sabotagem O Irã possui capacidade cibernética avançada, já demonstrada em ataques anteriores a sistemas israelenses de energia, transporte e infraestrutura hídrica. Segundo analistas de segurança, Teerã poderia realizar ataques coordenados a servidores e sistemas israelenses, tentar invadir ou sabotar comandos militares remotos ou utilizar guerra eletrônica para desorganizar radares e comunicações. Uma tática de baixo custo e alto impacto, que evita o confronto direto e é difícil de ser atribuída imediatamente, segundo os analistas. Avaliação estratégica O Irã tem múltiplas opções para retaliar Israel, cada uma com custos, riscos e impactos próprios. Enquanto um ataque massivo com mísseis permanece tecnicamente possível, analistas apontam que Teerã tende a preferir respostas indiretas e coordenadas, especialmente por meio de aliados como Hezbollah e houthis, além de ataques cibernéticos. A decisão final, para observadores internacionais, dependerá do grau de destruição sofrido pelo Irã nas últimas ofensivas e da avaliação estratégica do regime sobre os riscos de uma guerra aberta no Oriente Médio. 6h4415