Quintanilha: Cadillac, Baojun, Wulling e Chevrolet, eis a nova GM no Brasil 4a17s
Entenda como e por que a GM quer ampliar seu portfólio de marcas no Brasil, onde perde vendas, e conheça os Cadillac selecionados para vir 573w60
Há uns dois ou três anos, quando todo mundo dizia que a GM ia quebrar no Brasil, por ter foco nos carros elétricos, eu fui o primeiro jornalista a dizer que era preciso olhar para a China, e não para os Estados Unidos, para vislumbrar o futuro da General Motors em nosso país. E é exatamente isso que está acontecendo, mas esta semana a GM ampliou o horizonte também para sua pátria-mãe, os EUA. 6l2qg
Estive em Detroit, a convite da GM, para conhecer os novos carros globais da montadora. Ao contrário do Brasil, onde há 100 anos só comercializa a marca Chevrolet, nos Estados Unidos e na China a General Motors tem várias marcas. Portanto, ela faz há mais de um século o que a Stellantis começou a fazer há alguns anos: trabalhar em uma estratégia multimarcas.
Nessa viagem aos Estados Unidos, conheci carros novos de três marcas da GM: Cadillac (luxo), GMC (SUVs 4x4 e picapes) e Chevrolet (generalista). Há ainda a Buick em atividade. A Oldsmobile foi fechada em 2004 e a Pontiac (que eles chamam de Pôniac) foi encerrada em 2010. A marca da vez (para crescer) é a Cadillac. (Veja na galeria os quatro carros cotados para importação)
A vinda da Cadillac não se trata de um desejo isolado da subsidiária brasileira, e sim de uma estratégia global que inclui até a equipe Cadillac F1, para torná-la mais conhecida das novas gerações, em associação com a família Andretti, que constrói carros de corrida e agora fará isso na Fórmula 1.
Mas faz sentido a GM trazer para o Brasil carros elétricos dos Estados Unidos que podem ser ainda mais caros do que os atuais Blazer EV e Equinox EV? E justamente num momento em que a Chevrolet perde vendas no Brasil e se distancia das líderes Fiat e Volkswagen? Em termos de volume, não, mas para ocupar nichos, sim. Até porque os elétricos “baratos” virão mesmo da China, pelo menos nesta década e talvez também na próxima.
Todos esses carros, sejam norte-americanos ou chineses, vão complementar o portfólio da Chevrolet, que terá a missão – ageira, diga-se – de entrar na onda do híbrido flex. Outra atitude será fabricar carros híbridos plug-in, embora os executivos da GM considerem esse tipo de carro uma transição imposta por clientes e revendedores, e não uma convicção tecnológica.
Pelo que eu vi em Detroit, a empresa está tão avançada nas tecnologias de plataforma elétrica, baterias e condução autônoma que ninguém gosta de PHEVs na GM, pois não consideram que seja uma alternativa para a descarbonização. No Brasil, por enquanto, só estão confirmados os híbridos leves (MHEV de 48 volts).
Da China, por enquanto, virão os carros das marcas Baojun e Wuling, da sociedade entre a SAIC, a GM e a Wuling, porém vendidos como Chevrolet em outros mercados. O Spark EUV (Baojun Yep Plus) e o Captiva EV (Wuling Starlight S) são apenas os primeiros. Quer saber o futuro dos elétricos íveis da GM? Vasculhe o portfólio da SGMW, simples assim.
Conversei bastante em Detroit com Rafael Santos, vice-presidente de operações da GM, e ele confirmou que novos carros chineses virão para o Brasil. Outro vice-presidente da GM, Fabio Rua, também disse que os elétricos chineses terão preços competitivos no Brasil (veja no vídeo abaixo). Mas alertou: “Precisamos ganhar dinheiro”, ao que retruquei: “Todo mundo precisa”. E ele treplicou: “Nem todo mundo”. Rua não citou, mas ficou óbvio, em nossa conversa, que estava se referindo à BYD.
Quanto aos Cadillac, dos quatro modelos que conheci nos Estados Unidos, os que mais me agradaram foram o Escalade IQ e o Lyric-V. Dirigi o Cadillac Escalade IQ equipado com o sistema Super Cruise, que já está em 20 carros da GM, sem usar as mãos, fazendo ultraagens autônomas e até trocando de faixa para a esquerda fazendo uma curva para a direita (veja o vídeo abaixo).
Com 750 hp de potência (560 kW), 1.064 Nm de torque, uma enorme bateria dupla de 205 kWh e sistema de tração integral elétrica com dois motores (eAWD), o SUV de luxo tem alcance de 740 km e vai de 0 a 100 em cerca de 5 segundos. Além disso, sua capacidade de carregamento ultrarrápido de 800 volts adiciona cerca de 160 km de autonomia em apenas 10 minutos.
A tela multimídia tem nada menos de 55 polegadas; vai de um lado a outro do . É ótimo de dirigir e também para andar de carona ou de ageiro atrás, pois na versão IQL a segunda fileira tem bancos individuais e atrás há mais três assentos. O Cadillac Escalade IQ mede 5,697 m. Preço: a partir de US$ 130.000 (R$ 720.000). Preço estimado: R$ 970.000.
Já o Cadillac Vistiq, também com três fileiras de bancos e 5,222 m, tem 615 hp (459 kW) em dois motores elétricos, 880 Nm, tração AWD e 0 a 100 em menos de 4 segundos. A tela multimídia é menor, de 33 polegadas e o alcance é de 490 km, com bateria de 102 kWh. Preço: R$ 79.000 (R$ 438.000). Preço estimado: R$ 590.000.
O Cadillac Lyriq é muito interessante para compor a gama da GM no Brasil devido ao seu design e aspecto esportivo. O Lyriq-V incorpora a filosofia de alta performance da linha V-Series da Cadillac à era dos elétricos. Com 4,996 m, é o veículo mais rápido da marca até hoje, acelerando de 0 a 100 km/h em cerca de 3,5 segundos, com 615 cv de potência (459 kW) e 880 Nm de torque. A bateria tem 102 kWh e o alcance é de 525 km. Preços: US$ 60.000 e US$ 80.000 no Lyriq-V (R$ 332.000 e R$ 443.000). Preços estimados: R$ 448.000 e R$ 598.000.
Finalmente, o Optiq representa uma ousada porta de entrada na linha 100% elétrica da Cadillac, redefinindo o conceito de luxo ível na era dos veículos elétricos. Projetado para atrair uma nova geração de clientes globais, o Optiq também é uma ótima opção para o Brasil, mas o seu design não é exatamente apaixonante. É o carro mais compacto e ágil da Cadillac, com tração integral elétrica por dois motores (AWD) e 300 hp de potência (224 kW).
Com bateria de 85 kWh, ele roda 486 km, tem 4,820 m e seu display curvo de 33 polegadas domina o com gráficos nítidos e integração perfeita dos aplicativos do Google Built-in. Também viajei com ele nos Estados Unidos, mas como ageiro. Preço: US$ 54.000 (R$ 299.000). Preço estimado: R$ 403.000. A vantagem do Optiq é que ele não paga tarifa de importação por ser fabricado no México.
Agora, considerando os altos preços da dupla de elétricos da Chevrolet, R$ 440.000 no Equinox EV e R$ 540.000 no Blazer EV, não faz muito sentido lançar a marca de luxo Cadillac com preços abaixo da Chevrolet. “Estamos fazendo pesquisa para saber quanto as pessoas estão dispostas a pagar por um Cadillac no Brasil”, comentou Fabio Rua esta semana em Detroit.
O revolucionário Celestiq – suprassumo da Cadillac – não está sendo considerado para o Brasil. Para ter uma ideia, este supercarro de 600 hp (608 cv) custa 300 mil dólares nos Estados Unidos, algo como 1,663 milhão de reais apenas com a conversão da moeda, sem impostos de importação e sem as infinitas personalizações possíveis (dá pára mudar até o design, se o cliente quiser). Mas isso é outra história.