The Alters combina ficção científica e gerenciamento de forma original e envolvente p4c21
Uma experiência de sobrevivência que mistura escolhas de vida, dilemas morais e clones com personalidade própria 6z33z
The Alters é o mais recente título da polonesa 11 Bits Studios, que me chamou a atenção mais pelo seu tema de ficção científica do que os seus elementos de sobrevivência, construção e gerenciamento de bases - tudo em um cenário alienígena hostil. 5m1o20
Em tempos em que o multiverso virou uma das ideias mais exploradas na cultura pop - de animações a superproduções hollywoodianas -, The Alters apresenta sua própria visão sobre esse tema. Mas aqui, as realidades alternativas não servem apenas como pano de fundo. Elas são o cerne da experiência: versões diferentes do protagonista, moldadas por escolhas de vida distintas, tornam-se essenciais para a sobrevivência, e fonte constante de dilemas éticos.
Confira a seguir aqui no Game On mais detalhes e o que esperar de The Alters, um dos lançamentos mais curiosos e promissores da temporada.
Um protagonista, várias identidades 5635o
O jogo começa com Jan Dolski, único sobrevivente de uma missão espacial em busca de um elemento chamado Rapidium. Isolado em um planeta misterioso, ele encontra abrigo em uma base e logo é orientado por uma figura corporativa enigmática a usar a substância para criar versões alternativas de si mesmo - os chamados "Alters".
Esses Alters não são simples clones. Eles são ramificações de Jan baseadas em escolhas de uma vida alternativa que ele não fez. Um pode ser um técnico habilidoso, outro um cientista, outro um biólogo, cada um com competências únicas e personalidade própria.
A tecnologia por trás disso permite visualizar decisões cruciais do ado e, a partir delas, gerar versões de Jan que tomaram outros rumos. Essas cópias alternativas são úteis para manter e expandir a base, local essencial para a sobrevivência. No entanto, o relacionamento com elas pode ser mais difícil e complexo do que simplesmente delegar tarefas - alguns aceitam a sua existência, mas outros podem reagir com raiva e mágoa por terem sido criados em um mundo que não existem para cumprir funções em um planeta hostil, e podem não ser muito cooperativos.
Mas a complexidade não para por aí. Os Alters interagem entre si, e nem sempre de forma harmoniosa. Com o tempo, surgem divergências ideológicas, atritos, até movimentos de insubordinação coletiva. Em vez de simples ferramentas, eles se tornam personagens com conflitos internos, o que adiciona uma camada rica de desafio narrativo e moral ao longo do jogo.
Mas a interação com os seus Alters é 50% do jogo, sendo que a outra metade vai consistir em ações fora da base, com exploração 3D e coleta de recursos na superfície do planeta, com uma pegada lembrando um pouco Death Stranding.
O planeta onde Jan está encalhado apresenta cenários e paisagens muito bacanas, dignos de filmes de ficção ciêntífica, como um mar que parece uma poça de óleo negro cintilante, penhascos formados por colunas bizarras demais para parecer naturais, e os depósitos de Rapidium que brilham como se tentassem escapar da gravidade.
Para manter sua base funcionando, é necessário coletar recursos para criar novas tecnologias, escudos de radiação e suprimentos. Na superfície do planeta deve-se minerar pequenos depósitos em busca de materiais ou usar ferramentas para identificar depósitos subterrâneos e construir máquinas para minerá-los.
E o planeta também não perdoa: uma onda de radiação periódica obriga nosso astronauta a retornar à base com rapidez. Essa mecânica exige um planejamento cuidadoso do tempo, sono e energia de Jan. Você precisa decidir se vale a pena deixá-lo dormir menos para aproveitar melhor o dia ou arriscar uma coleta mais ousada perto da hora crítica.
Por fim, a parte narrativa, embora intrigante no conceito, ainda carece de refinamento na execução. As expressões faciais dos personagens não transmitem com fidelidade o peso emocional de suas falas, e muito do drama interno é comunicado por ícones de humor - o que enfraquece o impacto de alguns momentos. A escrita também oscila entre o envolvente e o genérico.
E vale ressaltar: o jogo conta com localização em português do Brasil, incluindo menus, legendas e todos os textos do jogo. Isso faz uma grande diferença, especialmente em um título tão denso em informações e tutoriais detalhados, facilitando o entendimento das mecânicas e o gerenciamento eficiente da base e dos Alters.
Considerações 5k330
Confesso que jogos de sobrevivência nunca foram meu forte, mas The Alters é um título que me surpreendeu mais do que eu esperava. A sua mistura de ficção científica, atmosfera intrigante e elementos de construção e gerenciamento conseguem prender o jogador e entregar uma experiência especial, muito bem construída. Se você gosta de jogos sci-fi ou de sobrevivência, The Alters é uma aposta segura de muita diversão. Ele não é só um jogo de gerenciamento: é também uma reflexão sobre identidade, escolhas e responsabilidade.
The Alters chega em 13 de junho para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela 11 Bit Studios.
